Gabigol volta ao Fla após efeito suspensivo

Gabigol está liberado para voltar a jogar pelo Flamengo.

O clube anunciou na manhã desta terça-feira (30) que a defesa do atacante obteve efeito suspensivo junto à Corte Arbitral do Esporte pela punição de dois anos por tentativa de fraude em exame antidoping.

“O atleta Gabriel Barbosa está liberado para atuar nas competições disputadas pelo Clube de Regatas do Flamengo. A defesa do atacante conseguiu o efeito suspensivo por decisão unânime”, postou o clube em suas redes sociais.

Veja abaixo o comunicado emitido pela Corte Arbitral do Esporte:

“Informamos que o Colegiado de Árbitros responsável pela questão CAS 2024/A/10473 Gabriel Barbosa Almeida v. União & ABCD emitiu Despacho deferindo o pedido de suspensão da execução da punição imposta a Gabriel Barbosa Almeida”.

“Consequentemente, a suspensão de 24 (vinte e quatro) meses imposta a Gabriel Barbosa Almeida pelo Tribunal Antidoping Brasileiro fica suspensa até a conclusão da arbitragem do CAS”.

O atacante foi suspenso no dia 25 de março por dois anos pelo TJD-AD (Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem). Em julgamento, Gabriel foi considerado culpado de tentativa de fraude em exame antidoping. Foram cinco votos a favor da punição e quatro votos contra.

O atleta foi denunciado pelo TJD-AD em dezembro de 2023, dando início ao caso.

A pena começou a valer retroativamente a partir de abril de 2023, quando aconteceu a tentativa de fraude no exame, com validade até abril de 2025

Com o gancho, Gabriel não podia mais treinar pelo Flamengo ou usar as instalações do Ninho do Urubu.

A defesa do atleta enviou material no dia 26 de janeiro, enquanto o elenco flamenguista fazia pré-temporada nos Estados Unidos. Foi enviado um anexo com imagens da câmera de segurança do CT Ninho do Urubu para corroborar a versão de inocência de Gabigol.

O que Gabigol fez no exame antidoping?

O camisa 10 do Flamengo foi acusado de dificultar a realização do exame antidoping no dia 8 de abril de 2023, no Ninho do Urubu.

Um dos relatos da denúncia diz que o jogador demorou para realizar o processo e não cumpriu as instruções dos oficiais.

Os demais jogadores do Rubro-Negro realizaram o exame antes do treinamento das 10h.

De acordo com os responsáveis pela realização do exame, Gabigol não se dirigiu aos profissionais antes do treino e, depois da atividade, ignorou os agentes e foi almoçar, tratando a equipe com desrespeito e não seguindo o procedimento indicado.

Em seguida, pegou o vaso de coleta sem avisar nenhum dos oficiais e se irritou ao ver que foi acompanhado por um dos responsáveis pelo exame até o banheiro. Em seguida, entregou o coletor aberto, contrariando a orientação.

Versões que serão decisivas em tentativa de liberação

A defesa de Gabigol tentava a liberação via efeito suspensivo desde o início de abril. E duas versões eram apontadas como decisivas para a reversão do gancho.

Como apontou, a defesa do atacante se pautava em possíveis contradições nos depoimentos de agentes no julgamento do TJD-AD (Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem), com apoio, inclusive, de imagens internas do CT do Flamengo no dia do exame, 8 de abril de 2023.

A ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem), por outro lado, como responsável pelo teste, afirma que Gabigol deixou de cumprir procedimentos cruciais para o exame ser válido, o que fez com que os agentes não pudessem garantir a integridade da amostra, ou seja, que a urina era de fato dele.

É esse o principal motivo que o fez ser punido por tentativa de fraude ao teste antidopagem, independentemente do resultado final negativo.

A versão da ABCD é que, quando os agentes chegaram para os testes, todos os atletas que também seriam testados se colocaram à disposição para a coleta, como determina o procedimento. Gabigol foi o único que disse que primeiro faria seu treino, o que ainda não configura uma irregularidade.

Nessa questão, há uma possível contradição que a defesa de Gabigol pretende explorar. Porque, em depoimento, um dos agentes teria afirmado que os profissionais chegaram antes do atleta, o que seria desmentido pelo circuito interno do Ninho do Urubu – na versão do Flamengo, o atacante chega às 8h, e os oficiais perto de 9h.

Pelos procedimentos técnicos internacionais, não chega a ser um problema Gabigol treinar antes do teste. A única questão é que, pelo tipo de análise que seria realizado, seria necessário esperar um intervalo de duas horas para a coleta de sangue. E é nesse período que acontecem os descumprimentos do atacante.

Uma fonte ouvida pela reportagem afirma que foram vários os procedimentos não observados por Gabigol, o que fez com que os agentes não tivessem como afirmar, ao fim do processo, que a urina estivesse nas condições exigidas. Isso invalida o teste – por isso, o resultado negativo do teste pouco importou no julgamento – e motiva a denúncia por tentativa de fraude – e posterior suspensão.

Em relação a esse ponto, a defesa também quer demonstrar uma possível contradição na versão apresentada pelos agentes ouvidos. Isso porque, segundo fontes presentes ao julgamento, um oficial da ABCD teria informado que viu a urina saindo da uretra de Gabigol no momento da coleta.

Com esse ponto, os representantes do atleta entendem que há uma jurisprudência do CAS que favoreceria a argumentação. Em casos passados, a corte puniu por fraude casos de mistura de urina com água, por exemplo, não por mau comportamento, como seria o caso de Gabigol.

É que também internamente o Flamengo reconhece que o estilo de Gabigol, de não tratar a coleta como prioridade, irritou os profissionais. O que não impede, porém, que o clube questione os termos da denúncia, principalmente com os horários e contradições nos depoimentos. Já a ABCD contrapõe essa visão, garantindo o preparo de seus agentes para lidar até com esse tipo de comportamento, que não é exclusividade do atacante.

A defesa de Gabigol tinha pressa para levar ao CAS o pedido de efeito suspensivo, pois entendia que esse é o único movimento capaz de fazer o atacante voltar a jogar ainda sob o contrato atual com o Flamengo, que se encerra em dezembro. Isso porque o julgamento do recurso em si não deve acontecer antes do fim da temporada 2024.

Foto: Divulgação/@CONMEBOL