Anderson Torres quer acareação depois de ser citado em depoimentos

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres disse que vai pedir à Polícia Federal (PF) para ser ouvido novamente e que, eventualmente, seja realizada uma acareação com comandantes das Forças Armadas que o acusaram de participar de reuniões para discutir a permanência do então presidente Jair Bolsonaro no poder, mesmo depois de ele ter perdido as eleições.

“O ex-ministro da Justiça, citado de modo genérico e vago por duas testemunhas, esclarece que houve grave equívoco nos depoimentos prestados”, informou a defesa de Anderson Torres em nota, nesta sexta-feira (15). “Nesse sentido, vai requerer nova oitiva e eventual acareação, além de outras providências necessárias à elucidação do caso.”

O então comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, e o então comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, disseram à PF que Torres estava em ao menos um dos encontros em que Bolsonaro e aliados discutiram a decretação de um Estado de Sítio, Estado de Defesa ou GLO para se manter no poder, mesmo sabendo que não houve fraude nas eleições.

À PF, Freire Gomes afirmou que Anderson Torres atuava “explanando o suporte jurídico para as medidas que poderiam ser adotadas”. Em janeiro de 2023, a polícia apreendeu na casa do ex-ministro uma minuta para instaurar um Estado de Defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que mudaria o resultado das eleições presidenciais de 2022.

Já Baptista Junior relatou à PF que Torres era o responsável por assessorar Bolsonaro sobre as medidas jurídicas para se manter no poder. Torres teria participado de uma reunião em que os comandantes das Forças estavam presentes.

Torres negou qualquer participação em reuniões com Bolsonaro e comandantes militares para tratar de “quaisquer medidas antidemocráticas”. No documento de defesa, o ex-ministro diz manter a postura “cooperativa com as investigações” e “compromisso inegociável com a democracia”.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), levantou, nesta sexta-feira (15), o sigilo de diversos depoimentos no âmbito do inquérito que apura a tentativa de um suposto golpe de Estado depois das eleições de 2022.

Foto: Arquivo